Uma provocação sobre a internet

Quero dizer aos companheiros e companheiras que já é tempo de fazermos uso desses espaços para um fim que objetive “melhorar” alguma coisa. Se é que queremos  intervir em algo. Penso que seja momento de provocar uma união para construir algo que perdure para os dias futuros. Acredito que é preciso fazer deste espaço algo mais que apenas um campo de relacionamentos, de jogar palavras ao ar ou de expressar idéias ( apesar dessas coisas já justificarem sua existência).  É preciso valorizar esse momento. Temos uma certa “liberdade monitorada” de expressar nossas opniões e ideias que, somada a outras,  podem provocar muitas ações que tragam melhorias em diferentes esferas da existência humana.

Que tal formarmos um grupo de monitoramento das ações dos poderes executivo e legislativo?

Essa é uma provocação que passo aos que estão me visitando.

Um breve comentário sobre a politica

Fazem alguns anos que tenho observado o cenário político do Rio Grande do Norte na condição de sujeito político que sou – considerado-me político segundo as reflexões do saudoso Bertolt Brecht. Sujeito politico, não no campo partidário, mas do cotidiano escolar, das ações sociais de pastoral, de defesa dos direitos humanos, entre outras. Essa inserção, me possibilitou perceber o quanto era importante se escolher bons representantes politicos. Quando participava de dabates com esse segmento,  negociando os interesses da sociedade civil e dos grupos que pertenço, me deparei com a fragilidade de alguns representantes, fragilidade esta revelada no desconhecimento de assuntos tão pertinentes ao campo politico e no desinteresse por assuntos públicos.
Hoje, ao observar a atual campanha politica e relembrando minhas experiencias nesse campo, passei a compreender que a fragilidade de alguns representantes  está diretamente relacionada a fragilidade politica da população que os tem escolhido.
Os politicos que hoje estão nas ruas, pelo que temos observado nos telejornais e no cotidiano nas casas legislativas, em sua maioria (salvo alguns) não tem representado os interesses da população. Estes, que antes defendiam uma ideologia partidária, hoje nem isso  fazem. Transitam de palco em palco (comicios), contracenando com atores de “diferentes cores,” promovendo-se afim de conquistar suas “vitorias” eleitorais. Ou seja, a legenda dos partidos, bem como o programa de atuação, são colocados de lado em nome da manutenção do poder, materializando na prática o que  tinha nos alertado Maquiavel quando em sua obra “O Principe” afimara que os fins justificam os meios.
Não são poucos os casos de denúncia de corrupção, maiores os que não são divulgados: as omissões, a negociação de votos nas casas legislativas, o uso da coisa pública de forma privada, a negociação dos cargos comissionadas, a “economia” do voto, as aprovações de orçamentos que não visam a coletividade, as parcerias publico privada, etc. Tudo tem sido divulgado amplamente na midia, e da mesma forma (infelizmente) esquecido na primeira leva de novas noticias, no primeiro gol da copa ou do brasileirão.

Por falar em copa, penso que são muitos os representantes que descem de seus tronos de marfim de quatro em quatro anos. Embranquecidos pela sombra de seus gabinetes, olhos descansados como    se estivessem acordando de uma noite bem dormida. Todos  muito bem alimentados pelos restaurantes de primeira classe. Descem aos infernos quentes que nos fazem lembrar dos retratados por Dante em sua obra “A Divina Comédia”.  Caminham nas ruas pobres esburacadas e sem saneamento, nos sertões sem agua, esquecidos momentaneamente por eles mesmos. Porém lembrados agora, depois de quatro anos.
Descem, protegidos por protetores de sol fator 1000, em suas máquinas Land Rover, Cheroquee, Hilux, etc. ao encontro do povo, do povão, da massa;  ao ecnontro dos que possuem o poder verdadeiro, e que, alienados por um universo de fatores, renunciam suas importancias delegando à muitos parasitas seus poderes através de uma pseudo-democracia. Renunciam por não compreenderem o significado amplo da palavra “cidadania”, limitando-se a considerarem-se cidadões apenas no breve momento que se encontram diante de uma frágil máquina  ( uns 30 segundos). Nesse cenário, diante da coletividade, todos os politicos passam a fazer menção a suas origens pobres. Entre suas estratégias mais utilizadas se destaca a que se declaram filhos de agricultores.
E nesses momentos, vão conquistando votos, apertando nas mãos sujas de barro dos trabalhadores, suando e cantando suas músicas infernais e mentirosas, que profanam e desmistificam o significado das palavras mais sublimes: ética, verdade, honra, amor, compromisso, etc.
Após terem conquistado os votos, e por sua vez manterem seus postos, retornam aos seus aos seus palacetes de mármore, agora magros e bronzeados. Retornam  com seus carros arranhados por sodoros, macambiras e pregos, sujos com barro das ruas empoeradas, para um novo periodo de engorda. Eleitos pelo povo, mas não para o povo, retornam aos gabinetes limpos com ar condicionado, verbas e passagens, planos de saúde, reuniões, salários formais e informais. Voltam para defender os seus, não os outros; promovendo ações que não condiz com suas promessas publicas, com seus papeis constitucionais. São essas ações me motivaram a fazer esses breves comentários sobre a politica.

É importante registrar que as vezes que me propus discutir estas reflexões sobre a  campanha politica, no espaço de trabalho e outros tidos como democráticos, até os que considerava semelhantes se levantaram contra mim, empunhando suas espadas ameaçadoras e  me condenando  ao  “exilio das repartições públicas”.

Diante de tantas ações que procuraram me impor o silêncio, meu sentimento de empoderamento foi se nutrindo por uma força de resistência que  tem se expressado na ideia de que posso mudar alguma coisa. Foi se nutrindo como um contra-discursso que poderia ser gritado silenciosamente nas minhas aulas de sociologia.

Finalizo estas breves palavras com um sentimento de que tenho muito a fazer.