A NECESSIDADE DE ACORDAR MESMO QUE SEJA NO DIA DEPOIS DA ELEIÇÃO

(ou a guerra, o sono bestializado e a democracia não democrática)

Josemi Medeiros – professor de sociologia

Depois da eleição, uma parte significativa das classes populares retornam aos seus túmulos periféricos, sujos de barro, sem saneamento, saúde ou escolas de qualidade. Retornam para uma noite de sono profundo que durará dois a nos até que sejam acordados novamente ou acionados para cumprirem suas funções de cidadãos conscientes: escolher novos representantes.

Depois da eleição o silencio da democracia volta a ser vivido nas ruas de nossas cidades, sendo interrompido somente pelos gritos dos assaltados, das ambulâncias, ou dos excluídos, enlouquecidos pela fome do corpo e da cabeça.

O silencio de uma democracia que fora para alguns “completada”, legitimada pela ação das classes populares. Silencio este motivado pelos próprios candidatos eleitos, dada a necessidade de calar os que tem fome, os que precisam gritar a fim de tornar público suas misérias e suas necessidades existenciais. Para muitos candidatos eleitos depois da eleição é preciso desviar as atenções do campo político, neutralizar temporariamente a idéia de cidadania participativa, e acionar o botão da cidadania regulada, garantindo direitos parciais, alguns poucos empregos, alguns caixões ou bolsas assistenciais.

Para os que estão a frente do sistema democrático em que vivemos, não é interessante que a população continue cantando as músicas da política, pois caso o façam, podem mais cedo ou mais tarde se interessarem em compreender as notas, identificar novos ritmos, e desejar participar de outras composições como autores, construir novas formas de fazer política, e por que não, mudar algumas realidades que permanecem cristalizadas desde inicio do processo de colonização. Isso com certeza causaria prejuízos aos eleitos. Eleitos estes que depois do período de votação, não mas utilizando as vestimentas da representação popular, passam a defender os interesses das empresas e do capital, seus verdadeiros parceiros e financiadores da compra de votos.

Diante disso, podemos considerar democrática a nossa democracia? Podemos considerá-la um sistema igualitário, se o que observamos nas ruas, instituições e campos de trabalho é a exploração e os processos múltiplos de desigualdades e alienação, de segregação e de pobreza? Se o que temos observado é a aliança entre as classes economicamente dominantes, o governo e a mídia afim de ampliarem os campos de concentração dos segregados, as fronteiras do trabalho precário e do desejo pelo consumo (que tem desmobilizado politicamente as classes populares).

Como considerar democrático um sistema que criminaliza os movimentos sociais e os indivíduos que lutam por seus direitos, e sustenta através da exclusão e exploração de muitos, uma parcela menor da sociedade em seus castelos de mármore e vidro (elevados do chão ou fortificados por muralhas). Parcela esta defendida verdadeiramente pelos que nesses últimos dias caminharam em nossas ruas pedindo nossos votos?

Como considerar democrático um sistema que reconhece os sujeitos como sendo momentaneamente cidadãos, os oferecendo pão, casa, roupas, televisão e lazer (quase sempre vinculados a processos de alienação) menos as ferramentas necessárias a uma cidadania efetiva: a liberdade de pensar e de agir.

Sobre a liberdade de pensar e agir, como podemos considerar o momento do voto como sendo uma ação consciente, se uma parcela significativa da sociedade não tem tido acesso a uma educação politizadora, a uma cultura do participar e do fazer através das próprias mãos? Como podemos pensar em uma participação que esteja relacionada a uma tomada de decisão politizada, se os corpos cansados pelas muitas horas consumidas pelo trabalho, as mentes bestializadas pela industria cultural e a comercialização dos votos tem impedido os sujeitos de serem sujeitos, de escreverem conscientemente suas histórias?

Como podemos considerar igualitária a sociedade ou o sistema se quando caminhamos nas favelas nossas de cada dia, nas suas ruas famintas de direitos, nos deparamos com uma guerra desigual sustentada pela pobreza, pela precariedade da vida e a pela própria violência nas periferias.

Nos deparamos com uma guerra, em que os exploradores, utilizando racionalmente suas armas, fazem uso de aparelhos ideológicos influenciando as formas de pensar e agir dos explorados. Guerra esta em que os primeiros expropriam racionalmente os bens da maioria da população, explorando seu trabalho, e negando seus direitos. Guerra esta em que os explorados, são motivados a destruir a si mesmos, em uma luta interna, roubando e estuprando seus pares; são motivados a adorar seus inimigos, pasmando-se diante da beleza de suas peles protegidas do sol, e de seus cheiros artificiais comprados em outros continentes. Uma guerra de mundos distintos, não declarada, não reconhecida pelos subjugados física e mentalmente. Pelos da mesma forma mutilados.

Guerra esta, cujas baixas (ou mortes) dos excluídos são registradas indiretamente nos centros de emergências dos hospitais, nos resultados dos exames nacionais de educação, nas taxas de analfabetismo, nas vitimas dos crimes, na superlotação das prisões, nas falas despolitizadas, nos sonhos não sonhados ou não realizados pela impossibilidade ou oportunidade de ser.

Depois da eleição, permanecemos silenciados, em meio a guerra e o silencio dos mutilados, dos segregados, dos considerados feios, pobres e vadios. Dos que vivem na própria carne as conseqüências da guerra física e simbólica, da alienação e da expropriação histórica do que se tinha e do que se era (ou do que se pensava ter e ser).

Depois da eleição, nos fazemos miseráveis não apenas por compartilhar a realidade de exclusão dos muitos que conhecemos, mas por permanecer na condição de seres passivos, como se estivéssemos em um deserto, pairando sobre uma nuvem, a deixar que a humanidade permaneça no caminho contrário ao Oasis, que os exploradores construam suas vidas sobre os ossos quebrados e os espíritos ceifados das classes populares.

O que fazer para romper com o nosso silencio bestializado, sustentado pelo desconhecimento da guerra, ou pela omissão dos que tem se limitado a compreender e não desencadear o agir? Como poderíamos multiplicar nossa fala, nossa escrita e nossos ideais coletivos de modo a acordar os que dormem, e a nós mesmos do sono profundo do nosso egoísmo e ignorância destruidora de subjetividades e de mundos?

Nesse cenário uma única certeza nos vem a mente, a de que é preciso acordar desse sono profundo não somente no período da eleições municipais, estaduais ou federais; é preciso acordar mesmo que seja nesta segunda-feira, e não mas dormir o sono dos excluídos.

Aquele pequeno túmulo

Hoje estive no cemitério. Muitas covas se alinhavam em meio ao que antes parecia ser um corredor. Muitas falas, risos e vendedores indo e vindo em meio a tantos mortos silenciosos.
O cemitério, visitado por mim somente na infância, parecia não ser o mesmo, estava repleto de covas, até mesmo onde antes eram espaços reservados aos pedestres. Estava repleto de mortos, como se na cidade não houvesse outro lugar para tanta gente morta.
Entre muitos indo e vindo, um túmulo de arreia me chamou atenção, espremido entre dois de alvenaria e outros muitos de granito. O tumulo, sem cruz e sem nome, pois não havia local para qualquer identificação, parecia ter sido erguido naquela mesma manhã. Suas paredes de terra molhada, ainda tinham marcas da colher de pedreiro, das mãos de seus construtores.
O pequeno túmulo, parecia emergir de um silencio histórico, afirmando ser alguém entre os muitos que apesar de desgastados, se evidenciavam mais que ele. Este pequeno túmulo, erguido com terra molhada, na forma retangular, possivelmente representando os demais, e enfeitado com duas pequenas plantas; me fez refletir sobre outro mundo que não aquele. Me fez refletir sobre as muitas pessoas que havia conhecido e que, como aquele simples túmulo, tentavam existir em uma sociedade que em muito os negavam e os excluíam. Me fez lembrar das muitas pessoas que lutaram pela sobrevivência de suas famílias, que construíram suas poucas oportunidades, e que não escreveram seus nomes na história porque todas as suas forças estavam concentradas em suas próprias sobrevivências…
Aquele pequeno túmulo me fez lembrar dos muitos excluídos, e esquecidos, que ajudaram a construir a cidade que vivemos, carregando pedras, tijolos, cavando fundações, rebocando paredes tão retas quanto as de areia que estavam a minha frente. Aquele pequeno túmulo, me fez perceber que a vida de alguns, parecem permanecer em condições semelhantes a que viviam.
Ao mudar a direção de meu olhar, observei a necrópole, e percebi que os vivos, pelo menos a maioria dos que ali estavam (quase todas pessoas simples, com seus rostos avermelhados possivelmente de trabalharem ao sol) pareciam ser os futuros moradores daquele pequeno túmulo. Pareciam estar do outro lado do espelho da vida, na condição de vivos, mas ocupando espaços parecidos ao do pequeno túmulo naquela povoado cemitério. Pareciam estar apenas esperando o tempo de suas mortes, pois o sofrimento e o silencio social já haviam cavado seus espaços na sociedade e na cidade.
Diante de tantos túmulos, covas de mortos e vivos, sob o sol forte das nove da manhã, mergulhei em mim mesmo em um silencio pouco vivido nestes últimos meses. No silencio, percebi que não apenas aquelas pessoas estariam naquele pequeno tumulo representadas, mas minha própria história, a história dos meus antepassados, dos agricultores, construtores, e agora professores que construíram suas trajetórias em meio ao silencio da luta pela sobrevivência, da luta pela moradia, pela alimentação, e que não lutaram no campo das grandes mudanças.
Me vi então naquele pequeno túmulo, deitado e silenciado em meio as grandes construções de granito e mármore. Me vi, erguido em um calvário social, sustentado pelas muitas horas de trabalho, os muitos finais de semanas escrevendo, estudando, pelas muitas pedras carregadas por mim mesmo nas manhãs de domingo.
Foi quando percebi que a minha vida até então teria sido semelhante a de muitos que estavam  aminha volta; que meus sonhos, tinham sido sonhados por outros que possivelmente estavam ali, diante de mim, vestidos pela terra molhada e esquecidos pela história. Naquele momento, senti que estava em dois lugares ao mesmo tempo: senti-me velado pelo silencio da terra, e envolvido pelo grito dos comerciantes que ofereciam velas e caixas de fósforos.
Quando retornei de minha reflexão, e me pus a sair da necrópole, eis que encontrei em minha direção, vindo de um dos portões laterais, um terceiro, carregado por familiares, envolvido por um madeiro simples, regado por lagrimas de crianças mulheres e anciãos. Parei, observei, e novamente me vi lá dentro, na mesma condição, no mesmo silencio profundo…
Após acompanhar a procissão, trilhei meu caminho e retornei para casa, consciente de estar saindo temporariamente daquele espaço e que algo de mim havia ficado naquele pequeno túmulo.

ORIENTAÇÕES PARA AS ELEIÇÕES DE 2010 – ESCOLHENDO O CANDIDATO

Acredito que antes de tomar uma decisão em relação a quem escolher para votar no segundo turno é preciso seguir os seguintes passos:

1. SABER A ORIENTAÇÃO POLÍTICA DO CANDIDATO

É necessário ter conhecimento de qual é a linha que o político atua, se representa a orientação neoliberal ou marxista. Segue a formão como identificar essas orientações:

Proposta liberal

  • Ênfase na iniciativa privada (privatização);
  • Concentração de renda (acumulação de capital);
  • Desvalorização dos movimentos sociais;
  • Precarização do emprego com ênfase no sub-trabalho (sobrecarga de trabalho e redução de salário);
  • Transferência de serviços públicos para iniciativa privada;
  • Acesso às oportunidades através da competição entre indivíduos (competitividade)

Proposta social (marxista)

  • Valorização da empresa pública (estatização);
  • Distribuição de renda;
  • Respeito aos movimentos sociais;
  • Valorização da classe trabalhadora (trabalho com direitos sociais);
  • Priorização dos setores: educação, saúde, desenvolvimento local;
  • Igualdade de oportunidades garantidas por ações do Estado.

2. PESQUISAR A HISTÓRIA DO CANDIDATO

É importante saber a história do candidato. Os grupos que ele representou se fez parte de movimentos reinvidicatórios ou sociais ou se defendeu os grupos de opressão (tipo o Estado ditatorial).

É necessário atentar não para as falas ou as propagandas nos sites (elas podem não ser verídicas) e sim, para os registros históricos, a representatividade de cada político junto aos seguimentos sociais ou empresariais. Caso a sua maior popularidade seja com os movimentos sociais e populares, este deve ser mais democrático, direcionando suas políticas ao interesse coletivo, valorizando a educação, saúde, etc. Caso sua popularidade seja com os empresários, este provavelmente defenderá os interesses dos donos do capital, dos burgueses donos de banco, não valorizando a educação, a democracia e as classes menos favorecidas.

3. PROCURAR IDENTIFICAR A SUA IDEOLOGIA

Acredito que só é possível identificar sua ideologia utilizando a sua própria história e a do grupo que representa como referencia. Isso porque se levarmos em consideração seus planos de governo ou propostas de atuação, chegaremos a conclusão que em época de campanha todos os candidatos (interessados na mercadoria voto) demonstram estar preocupados com o social, com o meio ambiente, etc. E isso dificulta saber quem verdadeiramente defende determinada causa.

4. ANALISAR AS SUAS AÇÕES E AS DO GRUPO QUE REPRESENTA

Fazer um levantamento das ações de cada grupo político (principalmente as ações de quando estavam no poder), atentando para as iniciativas de privatização, políticas públicas, repressão aos grevistas, desvalorização da educação, valorização das classes populares e movimentos sociais, valorização de empresas e grupos de bancos, etc.

Outro ponto importante, que pode ajudar nessa pesquisa, é o de comparar o desenvolvimento do país, principalmente a distribuição de renda, o combate a pobreza, no período em que cada grupo estava governando. Para isso procure entrar em sites de pesquisa considerados idôneos.

5. CONHECER A SÍ MESMO (AGORA É A SUA  VEZ)

Depois de fazer uma pesquisa sobre o seu candidato, é necessário saber qual é a sua ideologia e que forma de governo você prefere (retorne ao item 01).

Você liberal:

  • Se você pensa ser classe média, e tem medo que a possível vitória de um candidato que defenda distribuição de renda, tome o seu status social, vote no candidato neoliberal;
  • Se você defende a concentração de terras e de riquezas, vote no candidato neoliberal;
  • Se você ainda tem medo que dos comunistas (ou sindicalistas) tomarem os bens das pessoas e dividam coletivamente, que os militantes dos movimentos sociais rurais defendam a reforma agrária, vote no candidato neoliberal;
  • Se você não está nem ai com os pobres, com a violência (desde que ela não bata a sua porta), vote no candidato neoliberal;
  • Se você acha que as empresas estatais não estão dando lucros ao país, e devem ser vendidas a grupos internacionais, vote no candidato neoliberal;
  • Se você acha que a universidade deve ser única e exclusivamente para as classes médias e altas, vote no candidato neoliberal;
  • Se você acha que devemos desmatar a floresta amazônica sem peso na consciência pois estamos plantando o progresso, vote no candidato neoliberal;

Você social:

  • Se você não defende a concentração de terras, de riquezas, a miséria, vote no candidato de orientação marxista;
  • Se você defende o meio ambiente e a sustentabilidade, vote no candidato de orientação marxista;
  • Se você se preocupa com os excluídos e defende uma maior distribuição de renda no país, vote no candidato de orientação marxista;
  • Se você valoriza a democracia, vote no candidato de orientação marxista;
  • Se você acredita que as empresas estatais podem dar lucro ao próprio país, e estes devem ser direcionados a políticas sociais (educação, moradia, saúde), vote no candidato de orientação marxista;
  • Se você acredita que a universidade, o sistema educacional, a saúde deve ser para todos, vote no candidato de orientação marxista;

Depois de votar em seu candidato, é hora de fazer o mais importante: monitorar o seu mandato, participar, propor ações e intervir, se necessário.

A UFRN escreve: Porque votar em Dilma

Porque a UFRN deve votar em Dilma
Houve um tempo (8 anos atrás) em que as condições de trabalho na UFRN não eram as que temos. As salas de aula não tinham quadros decentes, nem computadores, projetores de multimidia e muito menos ar condicionado. Nem mesmo os ventiladores funcionavam ou, quando funcionavam eram péssimos e barulhentos. Os laboratórios eram mal equipados e os professores eram
chamados de VAGABUNDOS por FHC porque faziam greve. Ora, passamos vários anos sem reajustes de salários e nossos salários eram corroidos pela inflação a cada mês.

Houve um tempo na UFRN em que não existia dinheiro para pagar a energia elétrica e nem telefones, nem para comprar livros, nem para financiar as pesquisas ou pagar bolsas de estudos para alunos.

Houve um tempo em que não existia dinheiro para comprar comida para abastecer para o Restaurante Universitário, nem para comprar giz para as salas de aula, nem para construir edificações, nem para ajudar aluno carente.

Houve um tempo em que todo mês havia um indicativo de greve. As
universidades paravam suas atividades todos os anos e chegamos a ficar parados por mais de 100 dias. Era consenso que o governo federal estava sucateando as universidades.

Além da universidade, o país vivia em crise, devia ao FMI, era considerado um país de economia instável e o Risco Brasil era altíssimo. Para resolver, a Social Democracia (PSDB) vendeu a Vale do Rio Doce, a CSN e a Eletrobrás, e queria privatizar o Banco do Brasil, Caixa Econômica e Petrobrás, e também, acredita-se, ao sucatear as Universidades Publicas  faria o que fez no Chile, privatizaria o Ensino Superior.

Hoje, o Brasil não deve ao FMI, tem uma economia robusta, milhões de brasileiros sairam da linha da miséria, enfim, o país melhorou
visivelmente. Quem viveu os últimos 20 anos sabe que vive em um país muito melhor, mais justo e mais democrático, embora ainda precise de muito caminho a percorrer.
Nós, da UFRN, já vivemos a experiência de ser administrados pelo PSDB. Não podemos nos esquecer disso. Nós, da UFRN, não queremos perder o que conquistamos e queremos mais, pois o processo democrático ainda está em construção.

No primeiro turno, senti que a grande maioria dos nossos alunos escolheu Marina. Como em todo processo eleitoral, entendo que o primeiro turno era o momento de se confrontarem os diversos projetos de sociedade e o projeto de Marina também era bom, mas quem votou em Marina não pode votar em Serra.

Neste 2o turno só temos duas candidaturas disponíveis! Temos que ter responsabilidade para fazer a melhor escolha. Sugiro que pensemos para além dos nossos interesses pessoais, que reconheçamos que voltar a um governo Social Democrata é um retrocesso. Que podemos avançar.

Aos alunos peço: Pensem em tudo isso na hora de votar.

Aos professores conclamo: Vamos usar adesivos, vamos conversar com os alunos, vamos sair em sala de aula como nos velhos tempos de militância.

Vamos mostrar aos alunos que educação também é uma escolha política e que não estamos aqui apenas para formar profissionais, mas cidadãos que se preocupam com a realidade miserável do país.

Estamos numa instituição pública e devemos defendê-la da ameaça que é, a meu ver, a candidatura social democrata, que mente, calunia e utiliza recursos questionáveis do ponto de vista ético. As Universidades Públicas estão se mobilizando e realizando atos políticos.

Vamos organizar o da UFRN!!!

Giovana Paiva de Oliveira
Profa. DARQ/UFRN

 

fonte: http://ufrncomdilma.wordpress.com/2010/10/18/a-ufrn-escreve-porque-votar-em-dilma/

Frente Parlamentar discute ações em defesa da criança e do adolescente

vbsfbr

A Frente Parlamentar Municipal em Defesa da Criança e do Adolescente, presidida pelo vereador Hermano Morais (PMDB), se reuniu em dias de Casa cheia, na manhã desta sexta-feira (17) para discutir e apresentar a Campanha Nacional Contra a violência e extermínio de jovens no Brasil.
Como de costume, a Frente parlamentar abriu o espaço inicial da reunião para uma das instituições parceiras apresentar o seu trabalho. A Tv Câmara Natal – Canal 37, produziu um documentário especial sobre o Projeto Vida na Vila, realizado pelo Sesc, que acontece na Vila de Ponta Negra. Este projeto busca proporcionar atividades esportivas, culturais e de saúde para crianças e jovens carentes moradores da Vila de Ponta Negra. “É importante que este projeto não só continue, mas que possa ser expandido para que outros jovens possam participar dessa iniciativa brilhante”, ressalta Hermano Morais.
A coordenadora nacional da pastoral da criança, Irmã Vera Lúcia, falou sobre a importância da educação e orientação na família. “Tenho tido a oportunidade de ver em Natal uma juventude com muita saúde que abraça a causa da Pastoral da Saúde. Penso que um dos valores que a pastoral da criança e do adolescente tem é que mais pessoas vêm se juntando à causa. Deixo aqui o meu agradecimento e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido aqui no estado”, declara.
O articulador da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente – Anced, Frans Van Kranen, mostrou dados que apontam o assassinato em média de 147.000 pessoas no país, por ano. “Me sinto perplexo com o crescente aumento do número de pessoas assassinadas no país”, relata.

A Campanha Nacional Contra a violência e extermínio de jovens no Brasil é uma ação articulada de diversas organizações para levar a toda sociedade o debate sobre as diversas formas de violência contra a juventude, especialmente o extermínio de milhares de jovens que está acontecendo no Brasil.
A Campanha tem como objetivo avançar na conscientização e desencadear ações que possam mudar essa realidade de morte.
Esta campanha vem sendo desenvolvida de forma articulada pela Pastorais da Juventude do Brasil (Pastoral da Juventude, Pastoral da Juventude Estudantil, Pastoral da Juventude do Meio Popular e Pastoral da Juventude Rural).
A reunião da Frente foi encerrada pela orquestra do SESC-RN, formada no projeto vida na vila.

Comentário sobre dois intelectuais

Em um seminário internacional, tive a oportunidade de  encontrar  alguns intelectuais renomados (os quais admiro muito), e também dois, que passei a não ter admiração alguma. A estes seguem algumas reflexões: 

 Os dois “intelectuais” não tinham inserção no campo, porém tratavam do mesmo como se o conhecesse. Como se as poucas falas das entrevistas, ou alguns dados frios analisados, oferecessem elementos suficientes para construir um conhecimento que correspondesse a realidade estudada e pudesse representar outras.

Digo isso, pois socializando algumas experiências vivenciadas nos movimentos com os dois   “intelectuais”, eles me disseram que eu estava errado, que a dinâmica dos fatos não ocorriam da forma como havia relatado, e sim, segundo suas conclusões (não entrarei em detalhes do fato).

Como estou partindo do principio que a realidade é diversa e dinâmica, e que as minhas experiências não poderiam ser consideradas como um determinante a outras, mas que estas deveriam ser levadas em consideração, pois haviam verdadeiramente acontecido; os companheiros que contestaram minhas falas estavam no mínimo equivocados.

Equivocados, pois se convivo a algum tempo com alguns atores sociais, participo de varias reuniões, e posso até me considerar um ator, uma vez que atualmente exerço o papel de secretário executivo de uma frente parlamentar no Município, fui conselheiro de direito, e (hoje) atuo no conselho e em organizações sociais como técnico  e formador; tenho alguma autoridade para falar de experiências.

Penso que as minhas experiências não necessariamente podem se adequar a leitura dos dois intelectuais que haviam me criticado. As suas conclusões ou formas de compreensão parcialista, por mais que fossem resultado de anos de estudos, não poderiam anular as minhas experiências empíricas.

Essa história real pode servir para ilustrar como alguns intelectuais, muito bem pagos com nosso dinheiro, passam a vida inteira pesquisando, ganhando diárias e não construindo conhecimento algum. E ainda, quando encontram sujeitos na academia que vivenciaram experiências reais, tratam de desqualificá-los com suas pesquisas frágeis e generalizantes.

Pois bem, em homenagem aos “intelectuais” aqui citados, deixo algumas reflexões criticas:

 Como ficam admirados os pesquisadores que distante das realidades, descobrem através da pesquisa empírica elementos que possibilitam compreender a dinâmica de determinados fenômenos sociais.

Como investem em viagens, em entrevistas, banco de dados, entre outros, a fim de compreender seus objetos de estudo.

Como muitos estão distantes da realidade, talvez pela necessidade metodológica, ou pela  simples opção de não se aproximar dos fatos, a não ser quando o interesse passa a justificar o contrário.

Como conseguem passar tanto tempo estudando em seus gabinetes, estranhando os acontecimentos e chegando a conclusões tão obvias (   ) . Quando chegam a essas conclusões, ficam admirados como se tivessem descoberto a energia elétrica ou uma nova civilização. Suas conclusões podem ser consideradas obvias para quem enfrenta ou vivencia o campo, se insere no cotidiano dos movimentos, se dispõe a deixar as ruas asfaltadas e casas de alvenaria e caminham nas ruas de areia em meio aos casebres de papelão.

Uma provocação sobre a internet

Quero dizer aos companheiros e companheiras que já é tempo de fazermos uso desses espaços para um fim que objetive “melhorar” alguma coisa. Se é que queremos  intervir em algo. Penso que seja momento de provocar uma união para construir algo que perdure para os dias futuros. Acredito que é preciso fazer deste espaço algo mais que apenas um campo de relacionamentos, de jogar palavras ao ar ou de expressar idéias ( apesar dessas coisas já justificarem sua existência).  É preciso valorizar esse momento. Temos uma certa “liberdade monitorada” de expressar nossas opniões e ideias que, somada a outras,  podem provocar muitas ações que tragam melhorias em diferentes esferas da existência humana.

Que tal formarmos um grupo de monitoramento das ações dos poderes executivo e legislativo?

Essa é uma provocação que passo aos que estão me visitando.

Um breve comentário sobre a politica

Fazem alguns anos que tenho observado o cenário político do Rio Grande do Norte na condição de sujeito político que sou – considerado-me político segundo as reflexões do saudoso Bertolt Brecht. Sujeito politico, não no campo partidário, mas do cotidiano escolar, das ações sociais de pastoral, de defesa dos direitos humanos, entre outras. Essa inserção, me possibilitou perceber o quanto era importante se escolher bons representantes politicos. Quando participava de dabates com esse segmento,  negociando os interesses da sociedade civil e dos grupos que pertenço, me deparei com a fragilidade de alguns representantes, fragilidade esta revelada no desconhecimento de assuntos tão pertinentes ao campo politico e no desinteresse por assuntos públicos.
Hoje, ao observar a atual campanha politica e relembrando minhas experiencias nesse campo, passei a compreender que a fragilidade de alguns representantes  está diretamente relacionada a fragilidade politica da população que os tem escolhido.
Os politicos que hoje estão nas ruas, pelo que temos observado nos telejornais e no cotidiano nas casas legislativas, em sua maioria (salvo alguns) não tem representado os interesses da população. Estes, que antes defendiam uma ideologia partidária, hoje nem isso  fazem. Transitam de palco em palco (comicios), contracenando com atores de “diferentes cores,” promovendo-se afim de conquistar suas “vitorias” eleitorais. Ou seja, a legenda dos partidos, bem como o programa de atuação, são colocados de lado em nome da manutenção do poder, materializando na prática o que  tinha nos alertado Maquiavel quando em sua obra “O Principe” afimara que os fins justificam os meios.
Não são poucos os casos de denúncia de corrupção, maiores os que não são divulgados: as omissões, a negociação de votos nas casas legislativas, o uso da coisa pública de forma privada, a negociação dos cargos comissionadas, a “economia” do voto, as aprovações de orçamentos que não visam a coletividade, as parcerias publico privada, etc. Tudo tem sido divulgado amplamente na midia, e da mesma forma (infelizmente) esquecido na primeira leva de novas noticias, no primeiro gol da copa ou do brasileirão.

Por falar em copa, penso que são muitos os representantes que descem de seus tronos de marfim de quatro em quatro anos. Embranquecidos pela sombra de seus gabinetes, olhos descansados como    se estivessem acordando de uma noite bem dormida. Todos  muito bem alimentados pelos restaurantes de primeira classe. Descem aos infernos quentes que nos fazem lembrar dos retratados por Dante em sua obra “A Divina Comédia”.  Caminham nas ruas pobres esburacadas e sem saneamento, nos sertões sem agua, esquecidos momentaneamente por eles mesmos. Porém lembrados agora, depois de quatro anos.
Descem, protegidos por protetores de sol fator 1000, em suas máquinas Land Rover, Cheroquee, Hilux, etc. ao encontro do povo, do povão, da massa;  ao ecnontro dos que possuem o poder verdadeiro, e que, alienados por um universo de fatores, renunciam suas importancias delegando à muitos parasitas seus poderes através de uma pseudo-democracia. Renunciam por não compreenderem o significado amplo da palavra “cidadania”, limitando-se a considerarem-se cidadões apenas no breve momento que se encontram diante de uma frágil máquina  ( uns 30 segundos). Nesse cenário, diante da coletividade, todos os politicos passam a fazer menção a suas origens pobres. Entre suas estratégias mais utilizadas se destaca a que se declaram filhos de agricultores.
E nesses momentos, vão conquistando votos, apertando nas mãos sujas de barro dos trabalhadores, suando e cantando suas músicas infernais e mentirosas, que profanam e desmistificam o significado das palavras mais sublimes: ética, verdade, honra, amor, compromisso, etc.
Após terem conquistado os votos, e por sua vez manterem seus postos, retornam aos seus aos seus palacetes de mármore, agora magros e bronzeados. Retornam  com seus carros arranhados por sodoros, macambiras e pregos, sujos com barro das ruas empoeradas, para um novo periodo de engorda. Eleitos pelo povo, mas não para o povo, retornam aos gabinetes limpos com ar condicionado, verbas e passagens, planos de saúde, reuniões, salários formais e informais. Voltam para defender os seus, não os outros; promovendo ações que não condiz com suas promessas publicas, com seus papeis constitucionais. São essas ações me motivaram a fazer esses breves comentários sobre a politica.

É importante registrar que as vezes que me propus discutir estas reflexões sobre a  campanha politica, no espaço de trabalho e outros tidos como democráticos, até os que considerava semelhantes se levantaram contra mim, empunhando suas espadas ameaçadoras e  me condenando  ao  “exilio das repartições públicas”.

Diante de tantas ações que procuraram me impor o silêncio, meu sentimento de empoderamento foi se nutrindo por uma força de resistência que  tem se expressado na ideia de que posso mudar alguma coisa. Foi se nutrindo como um contra-discursso que poderia ser gritado silenciosamente nas minhas aulas de sociologia.

Finalizo estas breves palavras com um sentimento de que tenho muito a fazer.

Canção de Amor para uma moça judia

Conheço Rosinha Palatnik
por um único retrato de louça
que vive no cemitério
entre os túmulos judeus
Morreu em 1936 aos vinte anos de idade
e há sobre a lápide letras em hebraico
que não decifro

Talvez suicídio, talvez outra sorte
De qual morte morreu essa moça judia
que não morre?
De qual vida ela vive naquele retrato
de louça que mais parece de carne
E por que vem assim
semear-me no meio da tarde?

O que te devo, mulher, o que queres?
Viveste na minha cidade
e queres ainda viver por mim, por meus olhos
por minha carne de homem
boca lábios ouvidos
e queres ser uma música

Te vejo em muitos lugares
sempre dentro do retrato
presa e viva, branca e morta
Que queres, mulher,
tanto tempo depois do tempo
em que houve calor para ti no mundo?
Que queres da tua janela de vidro
com o teu corpo de cinzas

Não me faças desejar-te assim
Tu que não tens mais carne
para o meu desejo
nem sequer seda de vestido que eu toque
nem um corpo nem seios
só o retrato frio na lápide

Que amor terrível é este que me trazes?

Iracema Macedo